Entrevista - Alexandre Nagado


Há alguns anos tivemos a felicidade de publicar uma entrevista com ele, o que para nós é uma felicidade, já que por seu incentivo em 2006, teve participação indireta na criação deste projeto que é a Tokufriends.

Agora em 2016, estamos fazendo uma nova entrevista, com questões atualizadas e até um pouco polêmicas. Com vocês, Alexandre Nagado:

 Alexandre Nagado em palestra

1) Qual sua idade e local onde reside?
Nagado: Estou com 45 anos, completados no último dia 8 de março. Moro em Ilha Solteira, no extremo noroeste do Estado de São Paulo, desde o final de 2009.


2) Ainda trabalha com algo relacionado à cultura japonesa profissionalmente?
Nagado: Apenas eventualmente. No ano passado publiquei alguns textos no UOL, mas é só. Tenho um trabalho como servidor público e faço ainda freelas de ilustração, HQ e redação, quando possível. Atualmente minha ligação constante com a cultura pop japonesa é o meu blog, o Sushi POP.

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 Duas das inúmeras Revistas Herói que tiveram
a colaboração de Nagado (clique para ampliar)

3) Algumas perguntas da época da Herói são inevitáveis, ainda que sejam um tanto repetitivas. Como foi sua reação ao ver que a revista vendeu tão bem, em grande parte pelo conteúdo que você escreveu e garimpou para ela? Folhear uma revista Herói o emociona hoje? Ainda guarda alguma?
Nagado: Na época fiquei muito feliz por saber que a revista estava vendendo bem. Era uma grande vitrine profissional e pagava corretamente. Não eram valores altos, mas era regular, não davam furo com a gente e a relação profissional era boa e respeitosa, independente de toda a diversão envolvida. Pensando bem, hoje o pessoal escreve de graça sobre HQs e seriados para a maioria dos sites que estão no fandom de cultura pop. Então, posso dizer que aproveitei o dinheiro que ganhei escrevendo. Era um complemento ao meu orçamento pessoal, feito em paralelo com quadrinhos e artes sob encomenda. Sobre guardar o que escrevi, bem eu tenho só algumas poucas edições comigo. Sou bem desapegado com algumas coisas. Não sou colecionador nem do meu próprio trabalho.

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Matéria sobre Hakaider, na revista Mangá Mania

4) Além da herói, você colaborou em outras revistas? Quais?
Nagado: Bom, antes da Herói eu publiquei na SET – Terror e Ficção e na SET – Cinema e Vídeo, ambas da extinta Ed. Azul, uma divisão da Abril. Quem abriu as portas foi o Miranda. Lá eu conheci o André Forastieri e o Rogério de Campos, que montaram depois a ACME, a editora da Herói. Na época a Herói eu fiz a Mangá Mania, pra Ed. Sampa (parceira da ACME com a Herói), e fiz a Master Comics pra Editora Escala. Pra Escala, eu editei e escrevi 3 edições de Street Fighter – Revista Oficial, colaborei com a Geração Teen e mais alguma coisa que não lembro agora.

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 Mangá Mania e Heróis do Futuro. Geradas
a partir do sucesso Herói (clique para ampliar)

Teve um hiato forçado na Herói, uma época em que fui dispensando por um editor que trabalhou lá, que não gostava que eu fizesse revistas para outras editoras. Ele não confiava em mim e nunca me pediram exclusividade, apenas me dispensaram por achar que eu estava fazendo algo errado, ajudando a concorrência. Nesse meio tempo, escrevi vários textos para a Heróis do Futuro, da Press. Foi uma ironia, pois a HF era plágio descarado da Herói. E lá estava um colaborador original da Herói escrevendo regularmente.

Em 2000, fiz o Dicionário Anime>DO com o Marcelo Del Greco, para a Escala. Mas quando aquele editor saiu, me chamaram de volta, pois a maioria confiava em mim. Fora do fandom, escrevi um artigo sobre música japonesa para a revista MAG (2008), publicação oficial da SPFW – São Paulo Fashion Week e algumas outras coisas. Eu realmente nunca listei todos os lugares onde escrevi sobre cultura pop, japonesa ou não. Na internet, colaborei nos primeiros anos do portal Omelete, onde eu também escrevi sobre algumas produções ocidentais, filmes e livros em geral, rock brasileiro e Beatles. Lá eu diversifiquei muito meu leque de interesses e assuntos.

Blue Fighter, criação de Alexandre Nagado, no traço de Arthur Garcia.

5) Sobre revistas, você publicou um personagem chamado Blue Fighter na extinta Trama Editorial. Gostou do resultado final desta revista? Tem mais personagens que gostaria de lançar em quadrinhos?
Nagado: A primeira versão do Blue Fighter eu mesmo desenhei em 1995 na Escala, na revista Master Comics. Ficou ruim, insatisfatório, mas houve quem gostasse. Quando ganhou revista solo, uma minissérie em 3 partes na Trama em 1998, a arte foi do Arthur Garcia. Aí ficou pelo menos muito bem desenhado. E teve uma continuação, em duas partes, na revista Mangá X, da Escala, em 2000. Nessa eu mesmo escrevi e desenhei novamente, com resultados melhores do que anteriormente. Fui muito execrado por esse trabalho, especialmente pela primeira versão. Não ficou bom, mas não era algo pretensioso e muita gente criticou no embalo.

Era inspirado em seriados tokusatsu, mas não era fanfic. Não tenho personagens de gaveta, tudo depende de chance de publicar. Tenho uns projetos de histórias fechadas, mas nunca mais pensei em criar nada. Ah, publiquei duas HQs com a personagem Dani, para histórias de cotidiano, e gostaria de ter trabalhado mais vezes com ela. A HQ que saiu no álbum Mangá Tropical, de 2003, é uma das minhas favoritas até hoje. Mas o pessoal mais antigo conhece só meu trabalho de quadrinhos com os heróis de tokusatsu na Ed. Abril entre 1990 a 91. Conto várias coisas dessa época no meu blog: http://nagado.blogspot.com.br/2015/05/bate-papo-herois-de-tokusatsu-em.html

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Em meio à febre Power Rangers, Nagado mostrou a série original, Zyuranger

6) O Tokusatsu no Brasil hoje se tornou algo limitado a alguns milhares de fãs oriundos da Manchete, e novos que descobriram sozinhos ou através dos Power Rangers. Você vê possibilidade das séries japonesas encontrarem sucesso hoje na TV?
Nagado: Sendo sincero, não. Talvez alguma coisa pudesse encontrar seu nicho de audiência em TV por assinatura, mas alguém teria que arriscar. Em TV aberta, acho quase impossível, mas nunca se sabe.


7) Ainda assiste algo de Tokusatsu ou Anime hoje? Caso sim, o que?
Nagado: A coisa mais recente foi o Ultraman X, mas vi poucos episódios. A série é muito boa e preciso de tempo pra assistir tudo.

Ultraseven X é uma série mais adulta, e vem fazendo sucesso.

8) Há um movimento mundial crescente pelo streaming, e empresas como Crunchyroll e Netflix (na noticiada negociação em que o empresário Nelson Sato está trazendo séries para o site) apostando alto até em Tokusatsu. Tokusatsu, na sua visão, é um bom investimento para essas empresas?
Nagado: Acho que sim. Acredito que o streaming chegou para ficar e acho ótimo que haja streaming oficial. A Tsuburaya percebeu isso e lançou várias séries de seu catálogo. E a exibição em simulcast do Ultraman X foi um sucesso mundial, com 400 milhões de pageviews, contando todos os episódios. Não sei como foi no Brasil, mas espero que a audiência aqui tenha sido boa.


9) A maior parte do movimento chamado genericamente como "queremos os Tokusatsu de volta" é liderado por fãs da Manchete que querem Jaspion e Changeman na TV aberta. Entretanto esse público não parece disposto a consumir produtos baseados nessas séries. Como você encara essa questão?
Nagado: Não acompanho muito o movimento do fandom. Mas sei que muitos dos que pedem tokusatsu, consomem só material pirata ou não-autorizado e não compram material oficial quando sai. Mas acho que esse negócio de comprar algo que não se gosta para “lutar pela causa” uma grande forçada de barra. Sou a favor do material oficial, mas que seja com preços honestos, não uma exploração em cima de fãs. E eu jamais compraria um DVD de um personagem que não me interessa só pra “fortalecer o movimento”. Não é por aí.

Blog Sushi Pop, onde Nagado aborda vários assuntos

10) Seu Blog, o Sushi Pop, se tornou um espaço para fãs mais ardorosos de sua carreira, que encontram lá uma boa quantidade de informação e novidades. Mas você não é visto no Facebook ou no Instagram. Não acha que utilizar estas mídias divulgaria seu projeto para outros públicos?
Nagado: Certamente divulgaria, mas o Facebook expõe muito a pessoa e acaba expondo a família por tabela. E convivo entre mundos muito diferentes. Não ia dar certo. Já o Instagram nunca me atraiu. Mas estou no Twitter e lá interajo bastante. É só me procurar como @ale_nagado.


11) Você foi um dos que primeiro alertou no Brasil a respeito da maneira errônea como praticamente 100% dos veículos de fãs dedicados a séries japonesas trata o termo "Tokusatsu" (sim, nós da Tokufriends nos incluíamos nisso até há pouco tempo. ignorando que Tokusatsu é um termo genérico que se encaixa em vários tipos de filmes ou séries com efeitos especiais), como se este fosse algo exclusivo a "séries japonesas". Qual a sua opinião para os hoje que seguem esta linha de pensamento?
Nagado: Só pra deixar claro: Eu digo que tokusatsu, como um programa ou filme de efeitos especiais, é bem mais abrangente do que o pensamento de que se restringe a Kamen Rider, Super Sentai, Metal Hero e Ultras. A maioria dos fãs brasileiros acha que tokusatsu é sinônimo de seriado de super-heróis. Filmes de monstros tipo Godzilla, Mothra e Gamera também são tokusatsu. E filmes japoneses de horror também usam efeitos especiais ou tokusatsu. A revista Uchusen, especializada em tokusatsu, aborda heróis, monstros, filmes de terror e até dá espaço aos efeitos especiais em filmes internacionais. Mas tokusatsu mesmo é a escola japonesa de efeitos especiais. 


Inframan, de 1975

Eu sempre destaco que é algo associado à escola japonesa, mais notadamente a combinação de maquetes, fantasias, trucagens, explosões e efeitos óticos (como raios), a maioria desenvolvida por Eiji Tsuburaya e sua equipe. E hoje também se inclui computação gráfica, claro. Veja que eu não chamo Star Wars ou Doctor Who de tokusatsu. E reconheço produções não-japonesas como sendo tokusatsu por seguirem a escola japonesa de produção. Isso inclui coisas como o chinês Inframan ou até mesmo os Power Rangers que têm sido feitos quase que integralmente nos EUA. Assim como existe mangá feito em outros países, também existe o tokusatsu feito em outros países, desde que siga a estética e as técnicas que marcaram e marcam até hoje as produções japonesas. Mas essas opiniões são minhas, respeito quem discorda e aprendi que não adianta querer mudar a cabeça dos fãs.


12) E já que falamos neste assunto polêmico, o que você acha das séries Power Rangers?
Nagado: Gosto de algumas. Acho o elenco de Megaforce bem legal, são atores que funcionam bem em seus papéis. Acho a primeira temporada dura de engolir, mas tem seu charme, reconheço. Mas veja bem, eu não sou entusiasta de Super Sentai. Gosto de várias séries, e só. Então não tem em Power Rangers algo que me atraia tanto, pois não sou entusiasta dos originais.


13) Outros países entram com certa força neste tipo de entretenimento, séries de heróis com efeitos especiais. A Chinesa Alpha Animation veio com Armor Hero e Giant Saver, e a coreana Moonwatcher com Legend Hero. Isso sem contar a série da Indonésia, Bima Satria Garuda. Chegou a assistir algo destas séries? Caso sim, o que acha delas?
Nagado: Sinto, não vi nenhum desses. Nem tenho muito interesse, pra ser sincero. Meu tempo é muito escasso e seleciono muito o que atrai meu interesse. 

O Ultra Act Ultraseven é uma das miniaturas que Nagado possui.

14) Você tem alguma miniatura ou lembrança física de Tokusatsu em sua casa?
Nagado: Tenho, e várias. Tirando vários CDs de trilhas sonoras e alguns DVDs, tenho algumas action figures, alguns bonecos da linha Ultra-Act (que são fabulosos), uma miniatura do Godzilla de 1954, um jato Ultra Hawk 1 (do Ultraseven), um Ultra-Olho (o item de transformação do Ultraseven), alguns bonequinhos SD... E tenho uma face do Ultraseven exclusiva, esculpida com qualidade internacional por um amigo ilustrador que me presenteou com a peça. Não sou um grande colecionador, mas tenho alguns itens bem interessantes.


15) Entrando em um outro assunto, há muitos anos quando as revistas Jaspion e Heróis da TV (Cybercop, Spielvan, etc)  fizeram o maior sucesso, você participou ativamente do projeto como roteirista. Tem lembranças boas da equipe com quem trabalhava ou das histórias que criava? Faltou contar alguma história em especial?
Nagado: Bom, aquela época me deu convívio com dois grandes amigos. O Arthur Garcia, com quem mantenho contato até hoje, fez muitas outras parcerias comigo, pois ele desenhou o Street Fighter que eu escrevi, além do já citado Blue Fighter. E tinha o Rodrigo de Goes, outro grande amigo com quem convivi por muito tempo. Mas ele optou por se distanciar da área. Respeito sua decisão. Sobre ter faltado alguma história, há várias que nunca foram publicadas, mas foram escritas e pagas. Uma do Spielvan, uma do Metalder (que eu queria muito ter visto publicada) e três do Cybercop. Paciência, que o saldo geral foi bem positivo e guardo ótimas lembranças da época, tanto quanto da Herói.

 
O financiamento coletivo foi o maior sucesso, e o livro da Herói está à venda neste link.

16) Recentemente o livro sobre a Revista Herói foi lançado, inclusive com bastante interesse por parte dos fãs que gostam de reviver o passado. Você acha que o livro da Herói fecha com chave de ouro esta "era" da qual fez parte a Revista Herói?
Nagado: Sim, sem dúvida. Foi a chance de contarmos nossa história. É incrível como foi uma época mágica. Quase não tenho mais contato com aquelas pessoas, tirando um ou outro, mas ficou um sentimento muito bacana da época.



O Almanaque da Cultura Pop Japonesa, de Nagado

17) Agora sobre seu livro, o Almanaque da Cultura Pop Japonesa. Pra quem não sabe, foi lançado há alguns anos reunindo muito material inclusive sobre Tokusatsu e vendeu toda a tiragem. Foi prometida uma nova edição. Quando sairá, e o que podemos esperar dela?
Nagado: O projeto ia sair no final do ano passado por uma editora carioca, com nova capa e nova revisão, além de alguns acréscimos. Mas as coisas não saíram como esperado e o projeto foi engavetado. Pela situação atual do país, não sei se o Almanaque será mesmo reimpresso ou reformulado algum dia. Se for, o Tokufriends será um dos primeiros a saber.

Nota do site: Hoje se tornou difícil encontrar um exemplar novo para compra. Mas o Almanaque eventualmente pode ser encontrado no Mercado Livre. Na última pesquisa, estava a R$60,00


18) Você deixou uma marca muito legal em milhares de pessoas. Levou alegria com suas matérias e até inspirou muita gente . Mas hoje temos o que chamamos de "haters", que chegam dizendo que você não sabia de nada, e que suas matérias eram fracas. O que acha destas pessoas?
Nagado: Bom, eu cometi muitos erros, reconheço. Numa época sem internet, era muito difícil conseguir informação e alguns erros passavam mesmo, pois muitas vezes não tínhamos tempo de checar apropriadamente cada fonte. Mas para quem chegou depois, tudo ficou mais fácil. Daí, é simples arrotar que a geração anterior não sabia de nada, quando tudo o que se tem a fazer é abrir o Google ou a Wikipedia. Mas haters são inerentes à internet. Eu podia dar ouvidos a eles e sumir do mapa, ou continuar tentando melhorar e mostrar o que sei fazer. Preferi a segunda opção. E tem uma frase que li no Twitter do Padre Fábio de Melo, mas não sei se a frase é dele, que é assim: “A gente é responsável pelo que diz, não pelo que o outro entende”. Achei sensacional. Então, sigo em frente.

Nota do site: a classificação que estamos dando ao termo "hater" aqui, é pro lado invejoso e ignorante. Casos contra o Nagado aconteciam mais no Orkut, por pessoas que 12 ou 14 anos depois da Herói, tinham acesso ao tradutor do Google e à Wikipedia japonesa, tentando assim "provar que sabiam mais que todo mundo".

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Revista Heróis da TV Nº1 - Maskman. Com roteiro de
Alexandre Nagado (clique para ampliar)

19) Você ainda gosta de escrever sobre quadrinhos, ou de fazer roteiros? Como vê o mercado nacional em 2016, com essa onda de mangás estrangeiros chegando ao país? Será que há chance da indústria nacional crescer ainda, com qualquer estilo?
Nagado: Bom, tem o meu blog, o Sushi POP, onde eu escrevo sobre mangá, animê, tokusatsu e música pop japonesa. E de HQ, estou tocando uns projetos de HQs com amigos de pontos extremos do Brasil. São historinhas curtas, coisas que ando fazendo de curtição. Quando – ou se – o material ficar pronto, mostrarei. Já sobre a segunda parte da pergunta, é algo que sempre sou cobrado a responder. O mercado nacional de HQ produzida aqui, como opção profissional, inexiste, exceto para os estúdios Mauricio de Sousa.

Há muitos álbuns e revistas independentes, mas que pouco ou nada significam para o orçamento de quem produz. Então, é estranho dizer que o mercado está bom, porque quem produz não vive dele. Eu sou uma voz dissonante e nem faço mais parte do mercado, então, o que acho é irrelevante. Mas é bom que ao menos os interesses artísticos de tanta gente estejam sendo concretizados. E eu também estou vendo esse lado, com os projetos pessoais que mencionei e que estou fazendo por curtição, apenas isso.


20) Só para fazermos quatro perguntas off-topic nada relacionadas 1) Você gosta de alguma coisa na TV aberta ou fechada no Brasil? 2) Quando lê algo, procura qual estilo de livro? 3) Já visitou ou pretende visitar o Japão? 4) Como encara o momento de ebulição que vive o Brasil, sobretudo por conta da tensão política no período 2015-2016?
Nagado: 1) Gosto de algumas coisas, como o “Trato Feito”, “Caçadores de Relíquias” e o “Alienígenas do Passado”, no History Channel. O último é uma bobagem sem tamanho, mas é muito divertido e instigante. Na Warner, gosto desse novo “The Flash” e também de “Two and a Half Men” e “The Big Bang Theory”, fora reprises de “Friends”, apesar de não acompanhar regularmente a nenhum. E gosto muito dos musicais dos canais BIS e Music Box Brasil.

2) Gosto de livros técnicos, raramente leio romances. Livros sobre HQ e música são os favoritos, mas humor, psicologia e relacionamentos também são assuntos que me interessam.

3) Estive no Japão em 2008, num programa único de intercâmbio promovido pelo governo japonês pra comemorar o cententário da imigração japonesa no Brasil. Conto minha saga no Japão em meu blog: http://nagado.blogspot.com.br/2008/06/intercambio-no-japao-o-relato-completo.html

4) Sou uma pessoa politizada, mas não sou partidário de nenhuma sigla. Acompanho com pesar o momento. Só não sou entusiasta da ideia do impeachment porque quem vai assumir chegará com uma corja tão ou mais corrupta e inescrupulosa do que quem está na presidência. O saldo mais negativo é que o fanatismo partidário chegou para ficar e a polarização atual lembra mais briga de torcida de futebol. O que não ajuda a avançar no diálogo democrático. Hoje todos gritam e um lado não ouve ou tenta entender o outro. Assim, não vamos avançar como nação, mas iremos nos dividir cada vez mais. Ainda assim, quero ressaltar que apesar de tudo, sou uma pessoa que acredita em dias melhores e procura fazer sua parte, no sentido de trabalhar de modo correto e ensinar minhas filhas a respeitarem as outras pessoas.


Aqui encerramos esta entrevista, com nosso agradecimento ao Nagado pela atenção, e desejando sucesso em sua vida. Se quiser, pode deixar suas considerações finais e um recado aos que gostam de seu trabalho.
Nagado: Obrigado por mais uma oportunidade de falar sobre meu trabalho e minhas ideias. Já estou há mais de 20 anos escrevendo sobre cultura pop japonesa. Uma hora, certamente irei parar, mas ainda quero escrever algumas coisas e contribuir para a difusão de informação dentro da cultura pop japonesa e outros nichos também. É isso.

Para mais informações, e a possibilidade de trocar algumas idéias com Alexandre Nagado, é só conhecer o Blog Sushi Pop e/ou seu Twitter Oficial.

Para quem quiser baixar Blue Fighter, a Tokufriends possui autorização de Nagado para a disseminação da mini-série Blue Fighter, neste link. A segunda e terceira partes logo virão.
Sobre Hakaider, da matéria escrita por ele na Mangá Mania, podem conhecer o filme clicando aqui.

Sobre o Autor da Entrevista:

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